Arte - Jorge Luiz Silveira
Hashiba Tsurumatsu nasceu no fim
da Era Sengoku, em 1580, e foi criado nela. Vindo de uma família surgida da
própria guerra, cresceu vendo seu pai e parentes servindo nas batalhas que
ainda ocorriam. Há alguns anos seu pai havia sido adotado por Toyotomi
Hideyoshi e tido a permissão de ter um sobrenome para a sua família, e deu o
nome de seu filho em homenagem ao de seu senhor, que havia morrido muito novo.
Criado para o combate dentro da
ética dos samurai, e do Bushido, literalmente, Caminho do Guerreiro, desde os
sete anos estudou o Kendo, mais tarde, por volta dos doze, aprendeu a montar e
treinou também o uso de outras armas, como o arco e flecha, a naginata, o yari,
o jitte... Toda sua vida observou a importância do comprometimento, do esforço,
da honra, do respeito, da lealdade, da sinceridade, da confiança e da coragem.
Lembrava-se sempre de como
dizia-lhe seu pai, "O caminho do Samurai está na certeza da morte. Nem
mesmo dez ou mais adversários podem matar um homem que abraça a morte.
Aceite-a, mas evite-a enquanto sua honra permitir."
Quando já tinha seus dezessete
anos ele e seu pai, junto com muitos outros samurai e soldados conhecidos foram
postos no exército sob o comando de um jovem general, ousado e destemido,
Kobayakawa Hideaki, e serviram junto dele durante três anos nas campanhas da
Coréia. Seu pai morreu ao seu lado em uma investida que sua tropa fez contra um
castelo, em uma das investidas, durante um cerco. Todos os homens tinham a
consciência de que era algo perigoso e que muitos morreriam, mas morreram pela
vitória, pois seu senhor, junto deles, lutou na linha de frente, com lança em
punhos e sangue nas mãos, para capturar o general inimigo que se escondia no
castelo.
Mas, por conta de uma traição que
ocorreu neste período, por parte de alguns outros generais de Hideyoshi, Hideaki
foi desapropriado de sua província de Chikugo, na ilha de Kyushu. Por isso,
enviou Tsurumatsu, por quem passara a nutrir grande confiança, para negociar
com Tokugawa Ieyasu, que aceitou a lealdade de seu senhor, prometendo a ele
províncias na região de Chugoku, se lutasse ao seu lado na Batalha de
Sekigahara.
Em 1600, no momento da batalha,
Hideaki e seus homens, incluindo Tsurumatsu, fingiram que acompanhariam as
tropas dos generais que os haviam traído. Não só seu senhor, mas cada um dos
que haviam sido parte das tropas dele sentiam-se igualmente traídos, e
compraram a briga de Hideaki. Nos campos de Sekigahara, Hideaki manteve sua
posição ao lado dos partidários de Hideyoshi até o momento decisivo, quando
atacou seus traidores, junto com os Tokugawa, e massacrou-os.
Ieyasu, cumprindo sua promessa
concedeu a Kobayakawa Hideaki as terras de Bizen e Mimasaka, o que lhe rendia
um total de quinhentos e cinquenta mil koku. Em Okayama, a antiga elite
resistiu ao seu domínio, mas com a ajuda de Tsurumatsu e seus demais samurai
instaurou a ordem novamente, e retirou de seus opositores os antigos
privilégios de possuir homens, mantendo assim o controle da região. Agora,
demonstrava sua generosidade e seu paternalismo para aqueles que o servem bem,
presenteando Tsurumatsu com um Dojo na capital de Bizen, e com a promessa de
adotá-lo como herdeiro em sua inauguração, na frente de todos os cidadãos de
lá.
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