Parte IV
Confronto
“Os vivos devem morrer... Vocês se
arrependerão de ter vindo até aqui... Façam deles um de nós... Há apenas um fim
para isso... Façam deste lugar suas tumbas! Matem-nos! MATEM TODOS!” – Os
mortos.
A ilha
estava infestada. A energia macabra dos mortos a recobria. Todos já sabiam que
o antigo rei havia aberto o portão para o outro mundo, mas ninguém fazia ideia
do que havia precedido e sucedido este fato.
Sem a
tripulação para manobrar corretamente o navio, os campeões o ancoraram bem
longe da costa para não verem-no chocar-se contra as rochas, devido às fortes
ondas formadas pela correnteza que circunda a Ilha. Vadearam até a praia, onde
puderam verificar o estado em que aquela terra encontrava-se.
A
floresta parecia ter sido queimada, pois as árvores estavam negras e
retorcidas, mas ainda emanavam alguma forma de energia. Os céus não podiam ser vistos por conta da
densa Névoa Negra que não se dissipava por mais que o vento enregelante
continuasse a soprar forte e, junto da escuridão perene, impedia que enxergassem
à distância.
Sem
outra alternativa, senão adentrar a inescrutável floresta, seguiram na direção
que supunham levar ao centro da Ilha. Rios e charcos, fendas e abismos, troncos
milenares e espinheiros intransponíveis impediam seu avanço. Além disso,
conforme avançavam sentiam presenças cercando-os, seguindo-os, observando-os e
preparam-se para o confronto iminente.
Conhecedores
da região os guardiões da Ilha estavam apenas se divertindo, observando-os
caminhar perdidos. A floresta era sua morada e os mortos seus companheiros. Lhes
seria mais do que prazeroso cobrar suas vidas, seria recompensador.
Conforme atravessavam um córrego,
raso e plácido, vislumbraram em seu fundo centenas de ossos: crânios de
criaturas que um dia viveram na Ilha das Sombras e agora não passavam de
espectros do que foram no passado, fragmentos de uma existência.
Vozes indistintas ecoavam pelos
céus. Vez ou outra espíritos deixavam a névoa para atormentá-los, com gritos,
sussurros e palavras de ódio. O ar vibrava intensamente ao seu redor, e eles
sentiram o abraço da morte bem próximo agora.
- Meu pássaro está faminto... –
Murmurou Swain para os outros, como se reclamasse.
Espinhos saíram da terra, no
instante seguinte, espalhando lama e ossos. Mas já tinham percebido a
aproximação da caçadora e tiveram tempo de esquivar-se, cercando-a. Evelynn, no
meio deles, começou a disparar espinhos em rápida sucessão, tentando afastá-los.
Katarina, com suas facas na mão já estava em suas costas, Rumble e Tristana
apontavam suas armas para ela e Ryze conjurava um feitiço.
Swain, prevendo a aproximação,
havia alertado seus aliados. Que, prontos, dispararam tudo contra a assassina
saída das sombras. Todos atacaram quase ao mesmo tempo. Mas quando viram ela já
não estava mais ali.
- Isto termina quando eu disser –
foi o som fantasmagórico saído do meio da floresta, onde uma luz verde podia
ser entrevista.
- Dêem um fim a estes vermes! –
Gritou Swain para os seus companheiros.
Rumble rapidamente projetou seu
robô para frente e disparou seis tiros de canhão na direção onde Tresh e
Evelynn se escondiam – Pensei que nunca fosse pedir!
Mas
eles se surpreenderam, quando, além do fogo, vislumbraram a silhueta dos seis
guardiões da Ilha. Evelyn e Tresh, lado a lado, observando-os a distância com
seus olhos zombeteiros. Mordekaiser, com sua maça apoiada nos ombros. Yorick na
outra extremidade, observando-os do alto de uma rocha e Hecarim, aproximando-se
pelo meio deles com sua lança.
-
Contemplem o poder da Ilha das Sombras! – Ele disse, ameaçador, enquanto
saltava por cima das chamas, deixando sua voz ecoar sobre o rio onde os outros
estavam.
Os inimigos encararam-se por
alguns instantes, avaliando o melhor momento de atacar.
-
Talvez se nos aproximássemos estrategicamente nós... – Começou Swain. – Ah, a
quem estou enganando? Vamos nos transformar e devorar todos!
Os
espíritos que redemoinhavam nos céus investiram como aves de rapina contra os
Campeões, mas eles estavam prontos para isso! E o confronto que veio a seguir
foi capaz de abalar a moral de ambos os lados, pois nem um nem outro estavam
ali com medo do enfrentamento. Pelo contrário, todos ali se regozijavam com o
combate.
Mas em
dado momento, os seis piratas foram capazes de perceber suas forças diminuindo
enquanto as de seus inimigos espectrais mantinham-se praticamente as mesmas. E,
para a sua sobrevivência e conclusão da missão tiveram que recuar, e traçar uma
nova estratégia, ou de fato teriam de se juntar à horda de mortos que povoava a
Ilha das Sombras.
“Durante o tempo que andei sozinha naquele
lugar, eu sentia muitos olhos me observando e o perigo, que me seguia a cada
passo. A floresta parecia se mover conforme eu avançava. Uma pessoa comum
jamais teria sobrevivido ao tormento que veio a seguir. Mas nenhum de nós é uma
pessoa comum.” – Katarina, a Lâmina Sinistra.