Para que as palavras que eu
escrevo possam fazer sentido para aqueles que leem temos que concordar em dois
diferentes aspectos: A vida de qualquer ser é inestimável e a felicidade, tenha
ela a forma que for na concepção de cada indivíduo, é a meta de cada ser
humano, nela.
Guardamo-la
como nosso bem mais precioso, e cada escolha que fazemos é pontuada pela nossa
concepção de felicidade, mesmo que depois ela venha a se modificar. Contudo, ao
observar as ações que movem todo o mundo, parece-me que muitas das pessoas
esquecem-se que não são elas as protagonistas da grande História, que juntos
construímos e temos construído ao longo dos, já, milênios e, portanto,
esquecem-se também que suas escolhas e decisões incorrerão sempre em infinitas
consequências que alterarão a grande História, e logo as histórias menores, mas
não menos magníficas ou importantes, de forma positiva ou negativa, ou seja,
nos desejos e anseios dos demais.
Acredito
que a História seja a própria protagonista, onde todos os plots secundários se
conectam, entremeando-a com novas perspectivas. Mas existem alguns 'elementos'
que fazem esta enorme máquina favorecer a uns e outros, e adotar rumos que,
constantemente, privam uma enorme maioria dos dois aspectos que concordamos no
início do texto.
Aqui,
não desejo cair em contradição, e por isso apresentar um argumento que seja
verdadeiro, ou máximo. É importante que seja unânime a perspectiva de que para
que se possa atingir ambas as metas busquemos sempre o equilíbrio. O que
proponho então é nada mais do que uma reflexão.
Com
toda a tecnologia, o conforto, o egoísmo, a descrença, a desconfiança, a
inveja, a arrogância, a prepotência, a mentira, a preguiça... Criamos uma
sociedade, de modo geral, fria, ignorante, despreocupada, incoerente, desumana.
Deixamos os nossos sentimentos de lado quando temos que tratar de algo mais
profissional, deixamos nossos desejos de lado quando temos que nos adequar a
uma rotina, deixamos a alegria e a vida dos outros de lado quando temos que
preservar a nossa. A todo custo!
E
isso é mesmo tão recente assim? Mas não é essa a questão que me põe pensando
agora. O que significa arrependimento? Ele é necessário para as nossas vidas?
Ele nos põe um passo mais próximo da felicidade? E o medo? E o sucesso? O que é
o sucesso? O sucesso de outrem implica, necessariamente, no seu fracasso? É
claro que eu preciso perguntar sobre o dinheiro, mas talvez isso complexifique
demais as coisas.
Com
frequência demais, ao meu ver, copiamos, replicamos, buscamos as fórmulas da
felicidade nos outros. Como quase tudo, até na busca que deveria ser,
novamente, ao meu ver, a busca de nossas vidas, buscamos o caminho mais rápido.
Mais fácil, mais seguro, mais confortável. Afinal, não temos muito tempo de
vida, não é mesmo? Não temos muito tempo fora da escola, ou fora do trabalho,
ou fora de casa... a questão é sempre o tempo mesmo.
Que
grande vilão ele é...
Talvez
seja este o grande maldito que devamos culpar, não as armas de destruição em
massa, não as multinacionais que exploram interminavelmente outros humanos,
sugando suas vidas e suas felicidades no vórtice lucrativo dos grande
empreendedores, não a corrupção que transforma a vida de milhares de pessoas
numa longa pena pela qual tenham que passar, observando a felicidade em cada canto
da casa de um cômodo só, se tiverem a sorte de ter uma casa, já que o Tempo,
aquele maldito, pode tê-la levado com a água, ou o ar, seus filhos pródigos.
Também não devemos culpar, quem sabe, a alienação, afinal, ela existe mesmo?
Será que roubaram mesmo de mim a minha própria existência? É claro que não...
Impossível, não é mesmo?
"As
decisões da minha vida foram todas minhas! E a felicidade que tenho, alcancei
com minhas próprias mãos!" E, se eu te perguntasse: O que é felicidade?
Você saberia me responder?
Pense
no tempo que tem, pense em como o está gastando, pense se a sua felicidade é a
sua meta, pense se o que faz não aniquila a felicidade alheia, pense em quanto
se importa com você mesmo, e pense também no quanto você se importa com os
demais. Pense no quanto você precisa dos outros e no quanto os outros precisam
de você.
Pense
no que pode fazer para que a Grande História seja escrita com tinta, ou com
hologramas, que seja, mas pense na necessidade dos capítulos que pingam sangue.
Pense no que eles nos contam. Pense no que a morte diz sobre a vida, e no que o
tempo diz sobre as duas. Pense no que é felicidade para você. Pense no que deva
ser felicidade para os outros, mas não obrigue-os a pensarem como você. Pense
no que significa liberdade, e pense se somos livres de fato. Pense sobre como
deveria ser nossas vidas se fossemos livres de fato. Seria bom? Seria ruim? Por
quê?
Pense
no tempo, pense na felicidade... pense em você. Pense nos outros.
Pense.
Se tem algo que eu realmente gostaria de pedir a todos que chegaram até aqui neste lamurioso e enfadonho texto é isso.
Com alguma frequência eu me sinto
impotente, me sinto só, nadando contra uma enxurrada. Lamento à noite, sozinho,
não poder fazer nada para alterar o rumo de todo um cardume, cópias uns dos
outros, com ideias iguais, justificativas iguais, roupas, rostos, sonhos.
Cópias de algo que um dia funcionou para alguém mas que não percebem ser só uma
mentira.
É
mais fácil acreditar que só eu esteja errado, e talvez esteja mesmo.
Mas
é daí que tiro a vontade de continuar tentando. A sensação, às vezes, é de que
consegui mudar de rota, emergir, respirar, libertar-me, e tento apenas mostrar
que é possível. Sem saber se eu devia mesmo ter emergido: sem saber que a vida
pode ser diferente, sem saber que nem tudo há de ser como nos dizem.
"Sim
por que sim"
Mas
quando volto ao fundo para contar para mais alguém me sinto tão perdido, sem
saber o caminho que é o mais correto. Se é que há um caminho mais correto. Por
isso suponho que cada um tenha um, mas seria apenas fácil demais, acreditar que
seja o mesmo caminho para todos não é? E se for, que ao menos todos saibam por
que estão nele. Que todos, ao menos, tenham-no escolhido. Tenham olhado e
compreendido cada outro que há, e escolhido o melhor ao invés de simplesmente
deixar-se arrebanhar para aquele que dizem ser.