Arte - Jorge Luiz Silveira
Conteúdo referente ao Projeto Vivendo a História
Gyōsha no Akemi foi a segunda
filha a nascer, no ano de 1565, vinda de uma família de fidalgos, os Shukun, proprietários
de terras em Okayama. E como toda mulher japonesa, aprendeu a cuidar e gerir o
lar, as finanças e as terras de sua família. Foi educada por sua mãe e irmã
mais velha a obedecer seu pai, honrar e cultuar seus ancestrais e a preparar-se
para o casamento, onde honraria e respeitaria seu marido. Foi instruída para o
preparo correto do chá, dos arranjos florais, Ikebana e dos cuidados para com a
família: tanto de sua saúde quanto de seus espíritos.
Durante sua infância, lembra-se
de ter presenciado o início da construção do castelo de Okayama e o crescimento
da cidade, por conta do incentivo a muitos comerciantes e artesãos para que
viessem viver na província de Bizen. Ela e a irmã admiravam as mulheres dos
comerciantes nas ruas, com seus belos quimonos de verão. Isso tudo foi iniciado
pelo antigo daimyo, Ukita Naoie, que foi o responsável pela prosperidade vivida
hoje por todos da província.
Quando seu velho pai faleceu, em 1577,
seu irmão mais velho foi quem arranjou para sua irmã um bom casamento no ano
seguinte, com o filho de uma honorável família samurai, do clã Ikeda, cujo
Senhor servia, na época, ao exército de Toyotomi Hideyoshi, assim como veio a
fazer o nosso daimyo, em suas campanhas na Coréia. Contudo a irmã faleceu de
varíola há dez anos atrás, em 1592.
Por aqui Akemi, aos seus dezenove
anos, foi arranjada junto com uma abastada família de comerciantes, os Gyōsha,
que haviam chegado há pouco tempo em Bizen. Hoje em dia, junto de seu marido,
tomam conta de uma requintada hospedaria no centro de Okayama. Em seu
estabelecimento recebem os viajantes que atravessam sua província, Bizen, vindo
do sul em direção às capitais, Edo ou Kyoto, ou vindo do norte e indo para as
cidades portuárias mais ao Sul, nas ilhas de Kyushu ou Shikoku, onde o comércio
é efervescente.
Ao perceber todos os gananciosos
passos de seu irmão mais velho, Akemi, começou a deixar de visitar sua família,
e evitar ter de conversar com Kenmeina. Via nele, cada vez mais, um olhar sonso
e ardiloso, e preocupava-se com a desonra que ele poderia trazer para seus
antepassados. Por mais que agora ela fizesse parte da família do marido, ainda
importava-se com aqueles que viveram junto dela, e morreram, como a irmã, para
satisfazer os desejos de riqueza do irmão.
Agora, com o festival que terá
início, ela e seu marido têm estado muito sobrecarregados com a recepção dos
diversos viajantes que buscam por hospedagem, enquanto aproveitam para conhecer
a região. A maior parte deles são ronin que vieram tentar a sorte na
inauguração do novo dojo, ou artistas que buscam por uma oportunidade de
reconhecimento dos nobres que estarão passando por aqui.
Suas responsabilidades tem sido
recepcionar com educação e calma seus mais diferentes clientes, provê-los com
boa comida, chá e saquê, banhos quentes nas termas, conceder-lhes ambientes
limpos e privados para suas conversas e fazer tudo funcionar em ordem.
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