Arte Jorge Luiz Silveira
Nascido em 1573, no ventre da
classe camponesa, Tadashi passou boa parte de sua infância ajudando sua família
a cuidar do campo, visitando o templo xintoísta de Okayama nos dias de culto e
celebrações, para receber as bênçãos dos deuses, e prestar suas orações aos
seus ancestrais.
Aos quinze anos ofereceu-se para
servir como soldado na cidade do palácio, pois estava cansado da pacata vida no
campo. Além disso, gostaria de poder contribuir de outra forma para a
sobrevivência de sua família, e começou a trabalhar para Shukun Kenmeina, o
goushi e prefeito de Okayama.
Contudo, no ano de 1590, foi
ordenado que escoltasse até Kyoto o daimyo Ukita Hideie, que, por coincidência,
nascera no mesmo ano que ele, junto com um grupo de outros samurais e soldados.
Ele não sabia, porém, que essa viagem o guiaria para um cerco de três meses
contra o castelo de Odawara, na província de Sagami. Neste cerco, as forças de
Toyotomi Hideyoshi enfrentaram as forças opositoras trancafiadas no castelo, do
clã Hojo. Lá, ficou sabendo que Hideyoshi, o grande general japonês, galgara
desde a plebe, pois seu pai era apenas um Ashigaru, até o cargo de kampaku, isto é, ministro do imperador.
Com uma diferença de forças
colossal a estratégia deste embate foi basicamente a de cortar as entradas e
saídas inimigas e exaurir todos os seus recursos. Por isso, poucas escaramuças
aconteceram, mas foi numa delas que Tadashi salvou a vida de Hideie, quando um
grupo inimigo circundou suas defesas e alcançou o flanco defendido por seu
senhor, que acabou perdendo o controle de seu cavalo e caindo no meio dos oponentes.
Tadashi, corajosamente, saltou
também para o meio dos inimigos e, pondo sua vida em risco, salvou seu senhor. Ele
foi parabenizado e exaltado por ter se destacado como guerreiro hábil, bravo e leal.
Hideie dizia que Tadashi possuía um espírito muito intrigante, e que a forma
com que manuseava a espada era fascinante, para quem nunca havia treinado um
estilo de Kendo ou estudado qualquer arte militar.
A partir daí fora nomeado Samurai
da casa Ukita, e serviu-a lealmente, treinando arduamente para melhor defendê-la.
Hideie fez questão de mantê-lo sempre ao seu lado nas batalhas que se seguiram,
como a campanha na Coréia, da qual voltaram apenas oito anos depois, com Tadashi
gravemente ferido. Por isso, na batalha de Sekigahara Hideie pediu para que ele
ficasse em seu castelo, e tomasse conta de sua mulher, que estava grávida de
seu terceiro filho, e treinasse os outros dois.
Decepcionado, mas sempre leal, Tadashi
acatou a ordem que recebeu, apenas para presenciar a vergonhosa humilhação pela
qual seu clã teve de passar. A pedido de sua senhora, esposa de Hideie,
entregou-se com ela e os demais aos homens de Tokugawa, para evitarem mais
mortes, mas, numa noite da viagem, armaram uma fuga e ele a levou até a
segurança de um castelo aliado, do clã Maeda, e de lá ela foi capaz de se
corresponder e mandar presentes para seu marido e filhos.
Agora, dois anos haviam se
passado, e era hora dela recobrar seu filho que ainda devia estar com o
ferreiro de Okayama e sua mulher, para levá-lo para junto de sua verdadeira
família. E era essa a tarefa de Tadashi agora.
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