Arte - Jorge Luiz Silveira
Nascido em 1572 e criado na
cidade de Okayama, Takeru viveu nas terras da família de Shukun Kenmeina, goushi
daí, que havia providenciado terras mais amplas para sua família quando ajudou
Ukita Naoie, antigo senhor de Bizen, a estreitar laços com Toyotomi Hideyoshi,
na época das guerras, em 1579. Nessa altura, Takeru, como qualquer outro
camponês foi instruído nos preceitos básicos do xintoísmo, a religião modelo do
povo japonês, foi educado por sua mãe e parentes, enquanto seu pai servia como
Ashigaru a Kenmeina, cuidando de suas terras e livrando-a de bandoleiros e
ronin indesejáveis.
A rotina de sua família era
alternada entre momentos onde os serviços junto ao goushi se faziam necessários,
e o ciclo natural de plantação e colheita, da qual a sobrevivência não só de
seu núcleo familiar, mas de todos seus parentes, dependia. Em uma viagem que o
goushi fez a Kyoto seu pai acompanhou-o, e ao retornar trouxe para casa uma Tanegashima,
uma espécie de arma de fogo, que havia comprado junto com alguns outros
Ashigaru daí. Eles caçoavam, entre um gole e outro de sake, chamando-a de
"a melhor amiga dos soldados."
Ao fazer catorze anos, sua
família deixou sua antiga casa e suas terras para seus parentes e para a
família do noivo de sua irmã, e mudaram-se para uma casa na cidade, já que,
sendo prefeito de Okayama, Kenmeina precisava de seguranças junto dele. Na
cidade viviam quase como samurais, com exceção dos privilégios, mas buscavam
nestes honrados guerreiros o exemplo para suas vidas.
Naquela época, era bastante comum
que Takeru visse diversos samurai do palácio e outras regiões a perambular pela
cidade, e os admirava e espelhava-se neles. Por isso, não tendo mais que se
preocupar com a plantação, treinava bastante no tempo que lhe sobrava.
Dedicava-se ao treino com a katana e o yari, e também com a tanegashima de seu
pai. Eles e outros soldados treinavam numa espécie de quartel, afastados da
cidade, que o tio de Hideie havia mandado construir, enquanto representava os
Ukita.
No ano da Batalha de Sekigahara
ele já tinha vinte e oito anos, e seu pai já estava bem velho, por isso já
vinha servindo Kenmeina no lugar do pai há algum tempo, e partiu junto com um
grande contingente de homens (mais de quinze mil soldados) para a Batalha, onde
poderia provar seu valor, e talvez alcançar a honra de ser agraciado com um
título samurai para si e sua família.
Lutou defendendo o flanco das
tropas de Ukita Hideie, Daimyo de Bizen, no exército de partidários dos
Toyotomi. A batalha foi um verdadeiro massacre, o sangue empapava o chão, e as
centenas de corpos caídos cobria a relva, como uma floresta de estandartes e
lanças. De repente, enquanto lutava contra uma tropa de Ashigaru inimigos que
alcançavam a posição dos atiradores, viu as pipas comandando o recuo, e
percebeu que estavam cercados. Lutou por sua vida, junto com seus companheiros,
até que o ataque feroz cessasse. A confusão tomou conta dos corações dos
soldados, e de um lado e de outro corpos sem vida caíam mutilados.
Mais tarde, vivo, e coberto de
sangue, não só seu, estava sendo aprisionado junto com os demais sobreviventes,
e direcionado para um campo provisório, enquanto os samurai e nobres vencedores
decidiam seus destinos. Foi então que ouviu de outros que Kobayakawa Hideaki os
havia traído e passado para o lado dos Tokugawa, atacando-os pelas costas.
Poucos dias depois foi permitido que os camponeses, como ele, retornassem para
suas terras, com o juramento de servir aos seus novos senhores. E, derrotado e
humilhado seguiu em direção a Okayama junto de seu novo Daimyo, que fora
apontado por Ieyasu: o traidor Hideaki. E, para manter sua palavra e sua vida,
teve de lutar contra seus conterrâneos, ajudando a conter a rebelião.
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