Sugestões, Pedidos e Dúvidas

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22 de março de 2017

Ser eu

Já faz muito tempo que não escrevo.
Talvez por que ter perdido-me um pouco no movimento de escutar.
Não queria dizer verdades. Queria escutar as verdades dos outros, mas deixei de escutar um pouco a mim, e, na verdade, acho que foi por isso que parei de escrever.
Não queria escutar-me mais.
É mais facil escutar o outro, responder ao outro, refletir o outro.
É impossível, no entanto, ser o outro, de modo que só resta a mim ser eu mesmo.
Mas são tantos eus.
'Eu' é tanta coisa, que às vezes cansa... às vezes doi...
Escrevo agora, por que, depois dos meus dois últimos dias, era só o que me faltava - escrever.
Fui jogado num quarto escuro onde apenas eu e eu estávamos.
Fizemos de tudo. Primeiro nos encaramos. Ficamos um longo tempo assim, tentando reconhecer no eu refletido o eu contido. Choramos, sorrimos, nos abraçamos, nos amamos e conversamos demais.
Por fim escrevemos juntos... Isto, que não sei o que é.

Deixar de escrever foi uma maneira de deixar viver os tantos "eus" que sempre vivi. Em algum momento uma fuga, mas na verdade é o encontro.
Com o tempo, pensamos em coisas e logo deixamos de pensar. Tempo é transformação, e com ele nos transformamos.
Contudo, negar o que se é, ou fugir do que se sente não é transformação, senão destruição.
Medo.
Eu quero ser quem sou, escrever o que sonho, sonhar acordado. Ver o mundo belo com as cores que eu quiser ver.
O outro sempre estará no horizonte, o outro andará comigo de mãos dadas.
E descobri que sendo eu mesmo, posso ser o outro de alguém.
Ser quem se é, não é algo fácil de se ser.
Mas se não formos, quem será, não é mesmo?
Sendo assim, naquele dia, naquele quarto decidi que seria eu.
Não significa que o esteja sendo, tanto quanto eu gostaria. Mas estou sendo o máximo que posso ser.
E, quem sabe, com o tempo, seja cada vez mais eu.
E convido todos os outros que quiserem ser comigo, eu e você.
Com isto que não sei o que é, volto a escrever.