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11 de agosto de 2013

RPG - Background de Personagem para um mundo Medieval Fantástico

Sou Aelnor, nascido do acaso. Constrangido a viver entre os meus, libertei-me das amarras morais e agarrei-me a outros caminhos, e deixei-os levar a mim para onde quer que fossem. Eles foram até a Cidade do Porto. Abri mão do meu destino e só assim pude tê-lo, e agora ele é meu.
Minha mãe era uma rameira, meu pai, algum de seus clientes. Vivi nos bordéis onde ela trabalhava. Não me lembro bem ao certo quanto tempo da minha infância passei lá, ajudando, aprendendo, descobrindo os segredos das mulheres e dos homens, os segredos da vida, do prazer, do dinheiro, dos acordos, da palavra. 
Até então muitos deles faziam pouco sentido para mim, entretanto, mais tarde, se mostraram reais e, deveras, proveitosos. Sempre fui esperto e capaz de guardar rostos, nomes, informações importantes, aprendo rápido, me moldo fácil. Durante a minha infância, tudo isso não passava de características especiais, mais tarde virou meu ganha-pão, minha forma de vida, minha especialidade e meu prazer. 
Quando os primeiros pelos começaram a brotar no meu rosto, no meu peito, e no restante do meu corpo, e parte dos segredos começou a fazer mais, ou algum sentido... eu me lembro como se fosse ontem: Minha mãe ia atender um nobre e tinha me mandado acertar alguns negócios com o dono do bordel, para quem trabalhávamos, um homem rico e ranzinza, magrelo e aproveitador, arrogante e cultivava uma barbicha nojenta e pegajosa de óleo aromatizado. Chegando lá fui atendido por uma de suas empregadas, uma das que eu conhecia bem, e, como sempre, ela me levou pela porta da cozinha, me deu algo que comer, eu retribui a gentileza, enquanto esperava nosso senhor chegar.
Quando ele chegou fui falar com ele, fui recebido com o olhar desdenhoso que ele costuma usar com seus empregados, e com sua voz monocórdia e desprezível. Mas dessa vez havia algo diferente, uma nota de pesar, um esgar no lábio inferior, uma mão revirando o bolso, em busca de algo que se perdeu. E tinha mesmo perdido, perdido para sempre. 
- Aqui está o seu dinheiro garoto... – tinha dito ele, enquanto punha umas moedas de cobre e prata sobre o balcão. Eu não via a grande moeda de Ouro que deveria ser o pagamento de minha mãe, por isso aguardei. – O que está esperando garoto? Saia logo daqui!
- Está faltando senhor – anunciei, cabisbaixo, quase compreendendo.
- Faltando?
- O pagamento de minha mãe... – comecei, com dificuldade em pronunciar a última palavra - Uma moeda de...
- Aquela lá está morta moleque – me cortou, secamente. – Agora, parta daqui, você já não é mais problema meu.
Eu senti o sangue subindo, enquanto um mundo de informações era despejada na minha mente. Em poucos segundos perscrutei a sala, absorvendo as informações importantes: O desgraçado do outro lado de uma mesa que nos separava, as espadas ornamentando as paredes, as brasas ainda fumegantes na lareira... E tudo isso se uniu, quando eu saltei, furioso, por cima da mesinha, espalhando as moedas que ele tinha usado para me pagar, e alguns documentos, apertando minhas mãos contra o seu pescoço ossudo. Ele tropeçou e eu o derrubei na lareira, seus cabelos e barba se incendiaram instantaneamente por conta do óleo que usava. 
Deixei-o lá e me virei para arrancar uma das espadas do suporte, mas dois soldados entravam pela porta neste momento tentando assimilar a situação. Os gritos do senhor enchiam a sala e ecoavam pelo corredor, os soldados me viram com a lâmina brilhando na mão, e correram para me pegar, atrapalhados com as próprias armas. Eu cortei um deles desleixadamente e corri pelo espaço entre os dois, corredor afora.
Isso aconteceu por volta dos meus onze anos. Depois disso, eu aprendi o significado de cada um dos segredos ocultos em minha mente. Eu ia me lembrando das informações adquiridas na cidade a cada situação desesperadora pela qual passava. E, acredite amigo, foram muitas: dormir na rua, passar fome, ser roubado, perseguido, procurado, encontrado, espancado... Vivi e aprendi. Agora tudo isso é passado.
Consegui uma passagem para a cidade do porto, onde eu deveria encontrar emprego. Mas muitos procuravam pelo mesmo que eu. Por isso tive de procurar de forma diferente, aproveitar minhas habilidades de forma diferente... E percebi que não havia nenhuma boa razão para procurar por um emprego de fato, se era de dinheiro que eu precisava, podia consegui-lo de forma diferente, e, muitas vezes, conseguia aquilo para o qual, teoricamente, eu precisava de dinheiro... 
Então, passei a me preocupar mais com o que eu precisava de fato. Com o que me satisfazia, e, na cidade do porto, muitas coisas me satisfaziam, e, em muitas coisas, as minhas habilidades podiam ser aplicadas. Sendo assim eu comecei a fazer alguns bicos, fazer amigos, admiradores e admiradoras. Quando eu tinha comida eu ia passear pelos arredores da cidade, conheci alguns pastores, algumas pastoras, e geralmente conseguia mais comida... está conseguindo acompanhar?
Fiz viagens em navios, a princípio como auxiliar ou empregado, posteriormente como suposto membro da guarda, ou da corte. Visitei alguns “parentes”, que não via há muito tempo, conheci algumas senhoras que ficavam encantadas com meu gosto para vinhos, meu conhecimento sobre cavalos, meu gosto para música, minha habilidade na dança. Alguns rapazes que tiveram o desprazer de me desafiar em brigas e duelos. Uma vez até me passei por cavaleiro sem estandartes em Ávila, ganhei o torneio, e o coração volátil e solitário de algumas cortesãs.
É engraçado estar na plebe e na corte ao mesmo tempo. Tudo uma questão de adequação. Conheci muitos paupérrimos sofisticados, e muitos nobres fuleiros. E aprendi com todo o tipo de gente, como ser qualquer tipo de gente, ou o tipo exato de gente que qualquer tipo de gente quer que eu seja, ou pareça ser. E assim caminho, quase livremente, pelas ruas baixas e altas da sociedade.
Foi numa dessas idas e vindas, viajando de volta para a cidade do porto à cavalo, numa caravana, que conheci um rapaz engraçado e brincalhão que me divertia com suas histórias. Ele me contou sobre o Armagedom e as regiões circunvizinhas, de onde ele vinha, e o comércio de escravos. Ele vinha fugido, dizia ele, seu nome é Kurumdum, e quando o indaguei sobre como ele tinha feito, a história me parecia incompleta, me parecia que ele escondia algo... Mais tarde, durante a viagem, num vilarejo pelo qual passávamos, paramos numa taverna, e bebemos, lá eu consegui fazê-lo me contar o restante da história. E ele me mostrou. Magia.
Nunca tinha presenciado nenhuma magia poderosa como a que ele usou quando um marmanjo mexeu comigo na taverna por estar dando em cima da mulher dele. De repente eu fiquei grande como um Ogro de Contos de Fadas, e forte como um também, e amassei o crânio do infeliz, sem querer... Ele tinha feito de brincadeira, mas eu matei o sujeito... nada que eu já não tivesse que ter feito antes na vida, mas dessa vez foi diferente, foi melhor.
Eu obriguei-o a ensinar-me seus truques, e ele me ensinou alguma coisa, a teoria, e a partir daí, o surpreendi demonstrando ser um bom aluno. Ainda não sei fazer muitas coisas, mas o básico já me é bem útil, o resto eu complemento com lábia e fugacidade. Eu emprestei um dinheiro a ele, e ele começou um esquema de clube de lutas no porão de uma taverna, lá na cidade. Eu continuei fazendo uns bicos, descolando um pouco mais de grana para minhas farras. A magia tem me ajudado, mas ainda pretendo aprimorá-la. Ainda há muito que fazer no mundo, muitos lugares para ver, e muitas cavernas para desbravar... entenda como quiser.

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