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11 de agosto de 2013

Estudo - Cinco Olhos

            Os olhos de Frëdyja não são apenas tristes, são mais que apáticos, são fundos e tenebrosos. As sombras que os recobrem os tingem com as mágoas de diversas chagas. Não se vê nada mais que sofrimento naqueles olhos depressos marcados pelas dores ácidas da aflição.
            Como mel empedrado, suas íris se tingem por completo de um tom ocre pálido e fosco, o único brilho que ameaça cobrir as córneas daqueles olhos maltratados são as lágrimas que porventura se arriscam a aventurar-se junto das incertezas que extravasam de cada canto daquelas assustadoras formas estreitas e apertadas que venho aqui chamar de olhos.
             Eles me prendem numa fascinante introspecção, pois deles não tiro nada, por isso volto a mim e me faço perguntas que apenas eles são capazes de instigar. Perguntas para as quais, poucas vezes, sequer tenho respostas, perguntas que me despem, perguntas que me desarmam, perguntas que me fazem questionar quem realmente sou. São os tristes olhos de Frëdyja!
           Já os de Sandovír são olhos alegres, eles carregam consigo a verdadeira felicidade, angulosos e largos. Uma camada fina de umidade resplandecente é recortada por veios acobreados que correm sob ela unindo-se num emaranhado hipnótico e arrebatador.
            Como a água dos oceanos, são ora verdes, ora azuis, contudo sempre magníficos e misteriosos. São como um mar tempestuoso que draga tudo o que há para seu interior, de forma involuntária são todos cativados por aquelas magníficas jóias. Os raios das tempestades são igualmente representados em suas profundezas alvejando a superfície com lampejos da mais pura esperança e desejo.
              Cada vez que vislumbro estas verdadeiras deidades, sinto um frescor e um sopro renovado de vida a entrar por meus poros e nariz. Vejo neles muitas coisas, que nem os mais sábios de minha raça puderam um dia me dizer. Vejo neles o sentido da vida, vejo neles a vontade de viver, vejo tudo e todos que amo refletidos num novo espectro luminoso que me traz paz e confiança. São estes os olhos de Sandovír!
            Astuto é o olho de Galgorek. Soberbo e extravagante. Centrado e decidido. As pupilas nunca se fecham mais tempo do que o necessário para que se mantenha lubrificado adquadamente e atento às suas tarefas ou às suas presas.
            Como o pelo cinzento dos lobos que caça, é rajado com cores escuras e claras num mosaico radial frio e soturno. Como nas estepes geladas do norte, coisas se escondem atrás de suas cortinas inexploradas e supreendem os desavisados com súbitas afirmações, que, tão logo se parecem verdades, quase nunca se percebe seus engodos. Apenas ilusões.
            Sempre que o encontro me sinto tentado a fazer as coisas que me nego. Ao vê-lo percebo o quanto da vida pode ter sido mentira e sempre me surgem dúvidas que passam a me sobressaltar quando menos espero. Não sei nunca se estou certo, não sei nunca se busco o certo, não sei nunca se sou o certo, e a certeza de estar enganado muitas vezes me lembra do tão esbranquiçado olho de Galgorek.

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