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19 de agosto de 2013

Fanfic do livro O Nome do Vento - Uma festa de três partes

Noite outra vez. A Pousada Marco do Percurso estava em festa, e era uma festa em três partes.

A parte mais óbvia era da multidão que ali estava, que emanava seu calor, sua energia dilatada pela cerveja e pela dança. Numa infinidade de sentimentos e desejos, seus risos espantavam o malfazejo e penetravam profundamente em cada ranhura do assoalho deixando um rastro de essências inodoras imiscuírem-se indefinidamente em cada olhar, em cada gesto, em cada passo. Como o sol da primeira manhã de primavera vem derreter a geada do inverno que passa, as gentes vêm para comemorar o realizado, para brindar à nova era, para celebrar. Como se é esperado num recinto cujo objetivo é fulgir os recônditos da noite com música… e é claro que havia música!

Dentro da pousada estava eu, encolhido num canto do bar, terminando de revisar o restante dos meus escritos. Com as mãos ainda sujas de tinta e bebericando cautelosamente o vinho que peguei de um dos barris de carvalho atrás do balcão. Evitava prender-me a preocupações inquietantes e observava os rostos e trejeitos dos indivíduos que, até então, apenas tinha ouvido histórias. Ouso afirmar que a segunda parte da festa era minha, uma parte, em suma, desimportante do todo maior e mais denso. Contudo, me sentia, sim, um pedacinho, um fragmento, um resquício que fosse daquela história. Porque escrevê-la me fez vivê-la e me permitiu consolidá-la. Levá-la adiante. Imortalizá-la.

A terceira festa era fácil de se notar. Se você passasse uma hora escutando, talvez começasse a senti-la no ar que entra e sai do seu nariz, no ritmo em que se contrai o seu coração, no vapor que se condensa na janela. Ela estava nas labaredas que faziam a madeira na lareira estalar e embranquecer. Estava no lento vaivém de um casal que dançava enlevado frente ao tablado. E estava nas mãos do homem ali sentado, que dedilhava faceto as cordas dum alaúde, já um tanto usado, sob o olhar encantador e encantado de uma mulher. De sua mulher.

O homem tinha cabelos ruivos de verdade, vermelhos como a chama. Seus olhos eram escuros e, encontrados com os da moça de cabelos negros, refletiam a felicidade que transbordava dele. Ele tocava com a segurança sutil de quem realizou muitas coisas, de quem sabe muitas coisas, de quem foi muitas coisas.

Deles era a Pousada Marco do Percurso, como deles também era a terceira festa. Era apropriado que assim fosse, pois essa era a maior festa das três, englobando todas as outras dentro de si. Era abundante e palpável, sem dúvida, como o início da primavera, que trazia a reconfortante brisa quente após um inverno pungente de dias infaustos. Leve como o pólen carregado pelo vento. Era som vibrante – som de flor desabrochada – do homem que celebra a vida.

Todo o transtorno que afligia aquele homem quando o conheci, enquanto escrevia sua história, havia sido extirpado por fim. Suas feições se abrandaram. Seu sorriso veio cada vez com mais frequência. E agora ele radiava face a face com sua amada, que, sentada ao seu lado, acariciava seu joelho delicadamente, num carinho tenro de jovens amantes.

Ainda tocando ele retribuiu o gracejo, e beijou-a suavemente nos lábios. Ela disse-lhe algo ao ouvido e se levantou. Altiva e exuberante. A atmosfera do salão era da mais refinada harmonia, as notas de seu alaúde se integravam a cada movimento executado, pontuavam cada frase proferida. E conforme a dama caminhava pelo salão a canção parecia segui-la e se intensificar, mas ainda assim ela passou desapercebida pela multidão. Sorriu para mim, um sorriso doce e meigo. Um sorriso jovem, um sorriso vivo e contagiante. Me vi sorrindo de volta, da melhor forma que pude, enquanto ela seguia para os quartos.

Os olhos dele a acompanhavam, e recaíram sobre mim quando ela desapareceu às minhas costas. Eu sorri e ergui minha taça à ele. Ele sorriu de volta e vi todo o êxtase contido, toda a euforia acumulada explodindo de uma só vez numa imensa onda de satisfação.

Esta é uma homenagem que faço ao meu amigo Kvothe e sua esposa Denna.

Ass.:O Cronista.

Durante toda a Bienal 2013,  20  textos escolhidos estarão disponíveis para serem votados. Infelizmente, este não foi um dos selecionados Não deixem de dar uma olhada na área #acampamentonabienal  que acontecerá todos os dias. E lá, votem nos textos que mais gostarem!

Acampamento na bienal

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