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5 de dezembro de 2014

Livro (Em Processo) - Nemenöhr Mènthif



Milhares de anos se passaram. Tempo o bastante para que o ritual de sacrifício se concretizasse e para que a busca de Arthanór no mundo material se completasse.

Ao aceitar a morte eterna de sua esposa para dar-lhe seu ínfimo poder, o deus conseguiu romper o véu que o separava do mundo material e dominar o corpo de um humano. Tamanha fora a humilhação sentida ao dominar um ser criado por seu irmão que quase desistiu de seus planos.  Mas ao notar a versatilidade daqueles seres bípedes, e a tendência de suas almas a vilania, tomou gosto por sua labuta.

Vagou pelo mundo inteiramente absorto em sua busca. O poder lhe chamava, a força de seu coração o guiava, e encontrou a pedra lilás.

Foi quando Hironill percebeu a presença de seu irmão no lar de seus protegidos e o trancou de volta no Submundo, reforçando as saídas e entradas para que o maléfico deus jamais deixasse o mundo inferior novamente.

Porém...

Hironill não notara a pedra escondida nas mãos do irmão. Este voltou felicíssimo para o mundo inferior, de volta em seu próprio corpo, com a pedra que aprisionara seu poder, agora aprisionada em seus dedos.

Arthanór lançou-se contra as barreiras mágicas que o encarceravam naquele lugar, certo de que seu poder, contido na pedra, seria mais que o suficiente para superar meras paredes criadas por seu gêmeo.

Assustou-se a ricochetear no muro invisível e retornar ao Submundo. Furioso, repetiu o golpe, apenas para que a mesma cena se repetisse.

Olhou para a pedra segura em seus dedos rijos, suas sobrancelhas encontrando-se numa carranca de amedrontadora fúria. A jóia refletia levemente o mar de fogo que era o céu de seu mundo particular e tênue luz esverdeada que advinha do poço dos mortos, e a agudeza com que terminava abruptamente fez Arthanór chegar à óbvia conclusão: A pedra fora partida.

O urro teria sido ouvido em todo o multiverso, reverberando pelo ar e açulando os véus de divisão dos planos. Mas apenas ele e a escória de demônios que o seguia escutaram seu brado de frustração. O grito resumia em uma única nota todo o furor de sua alma, toda a vontade de se libertar, todo o ódio acumulado, a fúria pela morte vã de sua mulher, a fúria pela perda de tudo o que tinha. O desejo de se vingar de seu irmão e de todos que a ele estavam ligados... TODOS! Gritou novamente.



Outros anos se passaram, e era inacreditável como aqueles seres bestiais e agressivos que seu irmão tinha criado se tornaram tão requintados e civilizados. E claro, mais bestiais e agressivos. As sociedades que construíam. As cidades que erguiam... deixavam as cabanas de lado e trabalhavam em casas de pedras.

Arthanór assistia a tudo isso enquanto arquitetava seu plano de fuga, tinha tempo mais do que de sobra para pensar e trabalhar seu plano. Sem ter sido sua intenção, seu corpo deixou o Submundo e invadiu o sonho de um homem. Ele a princípio não compreendeu, mas então percebeu que não passava de uma projeção astral produzida pela jóia que manuseava.



E foi assim que o poderoso Arthanór pôde um dia começar sua busca pela libertação, e retornar ao mundo para vingar-se de tudo que o fizeram. E foi quando as gigantescas guerras começaram a lotar seus salões de almas sujas e peçonhentas, bem como as quais mais se identificava.



O homem que selecionara era um poderoso general. Comandava suas tropas de trás das muralhas de sua cidade. Em meio à guerra, ele ouviu o chamado de Arthanór. Foi numa noite de cerco, quando suas tropas caíram aos montes, que enquanto dormia sonhou com uma catedral construída de ossos.

As pilastras eram formadas de crânios, as paredes de ossos em geral e algumas tapeçarias velhas e empoeiradas de predominância lilás a enfeitavam. O altar era uma grande costela coberta com uma toalha esfarrapada, e atrás do altar, sentado num trono ósseo de estofado gasto, estava Arthanór. Vestido com o que a milênios teriam sido roupas suntuosas.
- Quem é você? – Perguntou o homem assustado.

- Apresentações são pouco importantes – respondeu o deus olhando o homem de cima e falando com uma calma intimidante. – Vim apenas comunicar-lhe que escolhi você...

- Que história é essa? – Perguntou o homem olhando ao redor, escondendo o pavor que sentia. – O que quer comigo?

- Escolhi você... – continuou Arthanór, não podendo falar a coisa errada, pois sabia que seus poderes não podiam chegar ao plano material, mas no mundo dos sonhos, tudo era possível. – para me ajudar com uma tarefa importantíssima. – informou ao homem.

- Não costumo ceder a pedidos de aparições em meus sonhos – disse o homem, perdendo um pouco do terror que sentia.

Arthanór ergueu os braços e os moveu rispidamente, lançando o homem a metros de altura, estatelando-o contra o teto da catedral. O sangue escorreu pelas costas do homem que caiu de volta no chão, apavorado.

- Não ouse zombar de mim, mortal! – Rugiu Arthanór perdendo o controle. – Não seja estúpido o bastante para isso. Venho aqui oferecer-lhe o que deseja, em troca do que eu desejo.

O homem enxugou o sangue em sua boca com a manga de sua túnica.

- E o que é que eu quero? – Perguntou, em tom desafiador, fechando a cara, duvidando da veracidade daquela cena.

- Poder, glória, vida eterna, vitória contra o exército que te cerca, mulheres... – Arthanór inferia a partir daquilo que sabia depois de tanto tempo estudando sua raça. – tudo aquilo que eu posso propiciar-lhe... Desde que aceite colaborar com meu pedido – completou, com um tom mais afável.

- E qual é o seu pedido? – Indagou o homem. Arthanór sorriu, conhecia também esse lado dos humanos. Se ele não fosse aceitar, simplesmente teria negado, mas não o fez. Ele queria...

- É algo simples – começou Arthanór, tirando de dentro da túnica púrpura o pingente que prendia sua pedra de poder. – Deve conseguir outras quatro pedras iguais a essa.

O homem olhou encantado para a pedra que girava e oscilava, pendendo do extremo da corrente dourada na qual Arthanór a havia prendido.

- Isso meu bom homem – disse Arthanór, com nojo de si mesmo pelas palavras doces que usava. – É o artefato mais poderoso do multiverso. E são necessárias para me trazer de volta a vida.

O homem caminhava hipnotizado na direção da pedra.

- Você então aceita, através dos meios que preferir, buscar as quatro outras pedras de poder, conseguir tanto sangue quanto o que eu derramei em vida e tanto ouro quanto o necessário para erguer um colosso, grande o bastante, que me servirá de corpo em seu mundo material? Unir esses três elementos e trazer-me de volta a vida, da forma correta? – Perguntou o deus, preparando a magia de encarceramento verbal, um juramento sagrado, que não pode ser quebrado. Preparara seus dizeres com antecedência tentando evitar brechas. - Nemenöhr Mènthif!?

Um arrepio percorreu-lhe a espinha ao escutar seu Nome e balbuciou uma resposta incoerente, deslumbrado pela jóia e pelas promessas dadas pelo deus.

- Você me dará o que prometeu quando eu lhe trouxer à vida? – Perguntou o homem, quase sussurrando. Esticava os braços tentando alcançar a pedra.

- Sim! – Concordou Arthanór vitorioso.

Ele, que afastava a jóia do alcance do homem que se movia lentamente em sua direção, deixou-a cair sobre suas mãos abertas.

Uniu suas mãos providas de garras e escamas grossas às do homem, mantendo a jóia, sua única fonte de poder, entre elas. Uma explosão violeta irrompeu do toque, selando a promessa de ambos. Por mais ambígua que fosse a de Arthanór.

O homem caiu em agonia, enquanto o deus apertava a jóia contra a palma de suas mãos estendidas, proferindo velozmente o longo encanto, sem errar uma única vez.

Ao soltar a jóia, deixando-a com o homem, foi lançado de volta ao seu plano: Tenterus ono Etherus Prisnaon. E o homem ao seu: Terra.



- ERGAM-SE! – Gritava ele, entusiasmado, segurando o pingente em seu peito. – VAMOS POR ESSES CÃES SARNENTOS PARA CORRER!



A magnificência daquela jóia era inimaginável.

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