Contudo, é responsabilidade do
bom educador, ao meu ver, mostrar aos alunos que este tipo de informação, pura
e simplesmente, por mais interessante, ou importante que possa ser, não é o que
nos ajudará a crescer, intelectual e socialmente. Por que elas, por si só, como
meras informações, que podem ser facilmente encontradas em qualquer site ou
enciclopédia, não contribuem para uma reflexão e um questionamento que nos leve
a repensar nossos próprios conceitos, não necessariamente com o intuito de
transformá-los ou sequer de adequá-los, mas, pelo menos, de legitimá-los. De
pô-los e nos pormos à prova.
E, com isso em mente, o professor
peca, quando, em suas avaliações, ou ao longo de suas aulas, demonstra e exige
dos alunos as respostas para este tipo de pergunta, o que faz com que estes
acreditem estar aprendendo o que vai lhes ajudar (ou não) mais tarde. Sendo assim,
um Educador que se valha da disciplina História para educar outros seres
humanos deve ter isso em mente.
Mesmo que exponha os fatos
históricos, junto aos alunos, que julgue interessantes para a construção de um
conhecimento posterior, e isso, muitas vezes, é fundamental, o Educador deve
sempre atentar para a necessidade da reflexão, do questionamento, do
aprimoramento da sensibilidade dos educandos para a compreensão das mais
diversas culturas e sociedades, relações pessoais que se constroem dentro e fora
delas, sabendo ainda que o que se vê nos livros ou nos filmes não passa de um
ponto de vista, de modo a verificarem que, ao longo de um período de estudos
debruçados sobre esta disciplina, educandos e educadores puderam construir,
discutir, questionar, refletir sobre e observar em si e nos outros como este
conhecimento foi absorvido, composto, modelado, dotado de diversos significados
e igualmente capaz de dotar outros conhecimentos.
Isso que proponho, de forma
alguma exige mais ou menos 'trabalho' de um professor, apenas supõe que ele
abra mão de sua centralidade no espaço convencional de ensino, propondo uma
participação mais ativa por parte dos alunos. Já que estes, com suas diversas
vivências, informações e conhecimentos, além de, com suas personalidades, seus
anseios e suas ideias, podem, e certamente vão, contribuir em muito para os
debates e discussões que envolvam os mais diversos temas históricos.
Assim, as perguntas que expus no
início deste trabalho sofreriam algumas mudanças e, ao invés da versão dada,
teriam sua aparência mais próxima disto: Por que aconteceu aquela guerra? Por
que o nome daquele personagem 'sobrevive'? Por que ocorreu tal evento? Por que
funcionava determinada política? Por que se deu esta revolução?
Muito disso que escrevi, e que
penso, vem sendo montado em minha cabeça à partir das experiências que tive
junto à equipe de educadores do Projeto Construindo o Saber, onde leciono,
também junto de meus maravilhosos companheiros e membros do Projeto Vivendo a
História, e na universidade. Estes espaços riquíssimos de discussão permitiram
e forçaram a minha reflexão sobre educação, me fizeram olhar para meu ensino
básico e médio com outros olhos, para a minha vida, para minhas relações
pessoais com o mundo.
E muitos dos meus atuais questionamentos
giram em torno das seguintes perguntas: Por que vamos a escola/universidade? O
que fazemos ou o que deveríamos estar fazendo lá? O que é conhecimento? Apenas
"conseguimos" conhecimentos na escola/universidade? Por que dizem que
provas avaliam Conhecimento? Qual a minha função enquanto educador? É possível
chegar a uma "verdade" para cada uma destas perguntas?
É possível chegar a uma verdade?
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