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28 de setembro de 2013

Conto Online - Ímpios Fortalários (Parte 1)



O mundo permanecia negro num matiz profundo e opressor. Os astros tinham sido dragados pelas trevas e a chuva caía intermitentemente, ameaçando parar, entretanto uma nova trovoada explodia em luz brilhante e ofuscante, e logo o céu desabava outra vez.

De encontro ao mar as grossas gotas de chuva estouravam na massa d'água que se jogava contra o paredão rochoso na base da irregular montanha que se erguia como um monstro, uma enorme serpente escamosa saída das profundezas do oceano tão ameaçadora que, brilhando com as luzes dos trovões, parecia mover-se e retorcer-se celebrando o caos.

No topo da montanha estava a fortaleza de Ark'höps, açoitada pelo vento uivante e pela tempestade já habitual. Suas enormes torres inteiramente fechadas abrigavam algo muito pior do que um tempestuoso dia, abrigavam os imortais demônios, exilados e acorrentados magicamente pelos ancestrais conhecimentos descendentes de Ohmân, o Imaculado.

O universo interior e exterior da fortaleza se confundiam por conta da interferência que um possuía sobre o outro. Há anos Ohmân construiu a fortaleza com seus doze discípulos e encarregou as forças naturalmente bravias que cercavam a imponente montanha escarpada de gerar a energia necessária para manter resiliente a prisão que havia criado para os impenitentes demônios, que por sua vez agitavam todo o cosmos circundante deixando-o ainda mais conturbado, por conta de sua natureza de caos descomedida.

A única entrada e saída da fortaleza poderia ser encontrada no topo da montanha no pátio central, cercada por 8 muralhas, uma mais alta que a outra, sendo a do centro a maior de todas, atingindo metade da altura das doze torres que possuíam trinta metros. Cada uma variando de quinze a vinte e cinco metros de espessura de pedra e metal. 

As dependências da fortaleza eram construídas em níveis subterrâneos, sendo o mais baixo o que abrigava as criaturas mais infames e perniciosas. E era lá que ele estava. As costas curvadas, enrijecidas pelo tempo que foi forçado a manter a mesma posição de cruz, visto que seus braços, agrilhoados por pesadas correntes eram mantidos, imóveis, esticados para as laterais de seu robusto corpo. Suas pernas estavam livres, mas não era possível movê-las por conta da energia que tinha sido consumida dele.

Sentia frio, mas não conseguia tremer, fome mas não lhe traziam comida, cansaço mas não dormia. Sua cabeça abaixada deixava seus grossos cabelos negros cascatearem pela lateral do rosto ossudo e pelos ombros, exibindo os espinhos que despontavam de cada uma de suas vértebras e os oito chifres curvos que se retorciam do lado externo de seu crânio, como uma coroa córnea. Sua pele vermelho-escuro exibia as fibras musculares tensionadas e inflexíveis refletindo a parca luz alaranjada que era emitida de orbes flutuantes sobre arandelas.

Não havia uma cela, propriamente dita, pois não era necessária. Ele estava detido numa ampla sala sob o centro de um teto abobadado em cruzaria cujo acesso era possível apenas magicamente, ou abrindo-se um buraco em alguma das paredes que ele sabia possuírem, em qualquer direção, ao menos duzentos metros de espessura de rocha sólida, para se chegar a uma queda de não menos do que quinhentos metros. E por isso estava ali, absorto, observando um ponto fixo próximo do seu casco direito do enorme mosaico que preenchia o chão, onde um azulejo minúsculo estava faltando.

Nada mais do que uma vibração, um zumbido permanente, parecia perturbar a atmosfera da quieta e imutável sala. Por uma eternidade isso foi tudo o que ele conseguiu sentir. E esse zumbido o irritava. O mundo o irritava, os homens, a existência a própria vida e até a morte o irritavam. Talvez agora não precisasse mais se sentir irritado. Mas o maldito zumbido não permitia que ele se esquecesse que ainda estava ali, que ainda estava vivo, e criaturas como ele permanecem vivas até que a tarefa que os tenha gerado seja concluída.

E por conta da tarefa que ele tem a cumprir os Ímpios Cavaleiros da Ordem Ohmâniana da Fortaleza de Ark'höps o trancafiaram no recôndito de seu domínio, pois tem o dever de atrasar tal acontecimento. 

Mas sabem que nunca poderão impedi-lo.

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