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11 de fevereiro de 2015

Schneider sai de férias! - Texto de Mateus Nascimento



Teorizando sobre (des)funções humanas na contemporaneidade: Schneider sai de férias! 


 
            Quando tratamos do séc. XXI da perspectiva do ocidente, assistimos (em ambos os sentidos; à saber: ver e apoiar) diversos discursos acerca do homem contemporâneo. Neste texto quero focar em um deles: a desumanização ascendente e contínua do indivíduo. Assim, sigo: a. apontando as características dessa perda de humanidade; b. questionando sobre o que entendemos como humanidade; c. fazendo uma análise da palavra raiz no contexto contemporâneo; d. propondo uma nova humanidade contemporânea sustentável. Acho por bem que os quatro objetivos, por conta de sua extensão e consistência teórica, só poderão ser entendidos na forma de uma historietas então, divirta-se!

***

            Em dezembro de 1993, Schneider tinha vinte anos completos. Fizera aniversário a pouco e decidiu comemorar dando-se uma viagem – desnecessário dizer pra onde. Pensava nesta viagem há muito tempo mas, nunca teve condições de realizá-la antes, por conta de sua condição financeira. Ele é filho de servidores públicos, mas seus pais investiram pesado em educação – algo caríssimo à época – e, por isso, nunca teve muitos luxos. Sabia consideravelmente de muitas coisas e sua especialidade em conversas e/ou discussões eram os assuntos relacionados ao Japão e sua cultura pop. Mantinha debates gostosos com amigos sobre os signos e mensagens (à lá semiótica) das animações, comumente chamadas de anime. Sabia também tocar piano, sua paixão infantil, na qual gastou anos e anos de estudo e dedicação.

            Enfim, era um pequeno notável e decidiu se recompensar – recompensar é a palavra exata pois ele havia passado em provas de ingresso aos cursos universitários de várias faculdades em função de sua disciplina de estudos (estamos falando da ordem acordar/estudar/ almoçar/estudar/dormir/ em todos os dias da semana, exceto domingo quando se entendia com suas práticas religiosas). Almejava a carreira de professor, uma profissão para ele nobre e honrosa.

            Era o dia dez de janeiro quando finalizou os trâmites burocráticos de seu périplo (compra de passagem, emissão de passaporte, preenchimento de protocolos na embaixada) e começou a pensar sobre o que iria levar na mala. Começou com um livro, cinco pares de tênis, cinco calças, cinco blusas estampadas e vermelhas, nécessaire de artigos de higiene pessoal, meias e cuecas de sobra, sua câmera recém adquirida para o percurso, e um aparelho com diversas músicas clássicas para escutar em momentos propícios. Tudo isso numa mala larga e ao mesmo tempo prática – ele sabia arrumar as malas como ninguém, de modo que fez caber tudo sem muita dificuldade. Com isso, o tempo passou e o dia chegou: a hora da partida. 

            Em janeiro de 1994, Schneider se dirigiu para uma viagem atípica. Sua viagem era mais um símbolo daquilo que estaria prestes a fazer. A expressão ‘Schneider saiu me viagem’ não era a mais adequada ali naquele momento; o certo seria dizer que ele estava saindo em peregrinação. Chegou ao aeroporto sozinho. Seus pais queriam acompanhá-lo para aquele adeus tradicional dos familiares em aeroportos, mas ele insistiu que precisava fazer isso sozinho. A viagem seria pra ele uma libertação dos fatos reais. 

            Pessoas se matam uma vida inteira para conseguir superar outros que nem conhecem; são inseridas numa lógica seletiva absurda e imoral; são postas a provas de verificação que atestam, por meio de uma simbologia inadequada, absolutamente, merda nenhuma se não que um ou outro pode ser melhor por números diferentes. À esses fatores devemos pensar Schneider: um menino inserido numa dinâmica externa de rendimento e produção. Não à toa, ele decidiu viajar; precisava se repensar. Viu-se cercado do vai e vem do saguão. Um lugar sombrio e curioso: como é possível ter em sua volta um sem número de pessoas, de carne e osso, mas formalmente mecanizadas, processo contínuo e aceito contemporaneamente, e sentir-se sozinho? Onde estamos que nossas relações tornam-nos próximos de distantes e distantes de próximos? Era o que Schneider almejava descobrir em sua viagem. 

            Sacou um caderno de notas e rabiscou, como que para afirmar a memória em tempos futuros, as seguintes palavras que lhe surgiram em pensamento de repente: Invertemos a ordem dos fatos! Raízes sustentam folhas e não folhas oprimem raízes. Guardou o caderno e seguiu para o portão de seu avião, nesse ínterim pensava em como tudo aquilo lhe parecia uma dança, de movimentos duros e ritmo inumano, do qual, em peregrinação, tentaria fugir ou abstrair.

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Autor: Mateus Nascimento

            Texto extremamente profundo e provocador. Cada frase precisa ser digerida com cautela. O debate que este texto promove é verdadeiramente encantador. Vou, por bem, pô-lo na aba de educação, que acho que é onde melhor se encaixa, de modo geral, já que boa parte do seu debate, a envolve de maneira absoluta. (Uma pequena nota de Estevão Balado)

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