Justo agora, à caminho de casa, dei-me conta de algo que
pareceu-me acertadíssimo sobre Perfeição.
Não sobre o que é perfeição. Afinal, por mais que definir
esta palavra possa parecer fácil, definir, ‘perfeitamente’, o que ela quer
dizer na prática, é quase impossível. Me parece ser como contar até infinito,
ou caminhar até o horizonte.
Pensei então em figuras que geralmente são consideradas
perfeitas, ou que ao menos nos servem de exemplo para entender a perfeição. E
nem mesmo elas o são. Por que, como é possível ser perfeito? Vivemos em um
mundo com outros seres humanos, e a perfeição não funciona em sociedade.
Em cada canto dizem uma coisa. Nesta porção do mundo,
cristã, somos pautados por uma moral dicotômica de certo e errado, de bem e
mal, do belo e do horrível... E mesmo que seguíssemos os passos de Jesus um
camarada, que até mesmo eu, ateu, tenho grande respeito e admiração,
acabaríamos de um modo ou de outro apenas mortos, como ele. Já que pra uma
galera daquela época a perfeição dele não servia.
Vivemos em um mundo onde há muitas diferentes perfeições.
Talvez seja essa a dantesca causa da dificuldade de definir
Perfeição.
No entanto, há nisso tudo um outro problema – Gerado por
estas expectativas coletivas com relação a própria humanidade: Por que é que
queremos ser perfeitos?
As religiões, os mitos, os heróis, tantas destas histórias
nos fazem crer em super humanos, nos fazem crer que existe uma elite de seres
humanos tão, mas tão fodas, que nós precisamos ser sempre melhores. Que
precisamos, ao menos um dia, ser perfeitos.
E se parássemos por uns instantes de tentarmos “ser
perfeitos” e apenas “ser”?
Talvez aflorassem alguns monstros. Talvez aflorasse o que
sentimos de verdade, quem, verdadeiramente, queremos ser. Talvez o que somos
seja muito feio, terrível até. Mas essa feiura é de verdade? Nós realmente nos
achamos tão terríveis assim, por pensar o que pensamos, por sentir o que
sentimos? Ou a lente que nosso povo nos deu para nos olharmos é que nos
distorce tão brutalmente a ponto de não nos reconhecermos?
Nos fazem acreditar que somos míopes de alma. Nos mostram
umas almas, então, para servir de referência. – É assim que você tem que ser.
Siga o exemplo. Dê o exemplo.
Nos negamos o tempo todo, pois queremos ser perfeitos.
Se é que queremos ser perfeitos. Pra quê? E pra quem?
Mas sempre tentamos. E bem quando achamos que estamos chegando
mais perto, vem alguém nos dizer que não é assim. Vem alguém e nos crucifica,
vem alguém e ateia fogo em nosso corpo, vem alguém e nos bate na rua, vem
alguém e nos xinga no trânsito, vem alguém e grita conosco no trabalho, vem
alguém e nos educa na escola, vem alguém e nos ama em casa.
A perfeição... é nossa, ou deles?
Quem sabe seja uma perfeição coletiva... Besteira.
Será que uma ou outra religião
que é perfeita? Uma está certa e as demais equivocadas?!
É uma identidade só que posso ter? Ou várias? Mas tenho que
ser menino, né?
E o que eu sou? E o que eu quero ser? E o que eu posso ser?
Só é perfeito se eu tiver o aval?
O teu aval?
Meu ovo.
Estou à caminho de casa.
E nela eu sou quem eu quiser ser.
E você também deveria, ou não. Seja sua própria perfeição.
Mas seja.
Não deixemos de Ser.
Para complementar a reflexão
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=UueCjRrQLM4